sábado, 24 de julho de 2010

A FORÇA DA NATUREZA

Seis meses se passaram desde que nosso velho e bom amigo Tamarineiro foi libertado da bota de paralelepípedos que torturava suas raízes. Um castigo que durou uns 30 anos.
Na ensolarada manhã de 14 de janeiro de 2010, como parte dos festejos do Jubileu de Prata de Emancipação do Município de Cruz, nosso “herói da resistência” foi Tombado (Lei nº 368, de 07/01/2010). Ganhou identidade – uma placa com a inscrição: “Tributo ao Herói”, título do poema, de autoria do Padre Manoel Valdery da Rocha, sem identificação por vontade dele. Versos que foram feitos há anos atrás, com retalhos da memória de alguns paroquianos idosos, reproduzidos a seguir.
TRIBUTO AO HERÓI
Meu velho “Tamarineiro”
Muito mais que centenário!
Lá da Praça Matriz.
Ontem! Mercada da carne,
Local de amarração
Dos animais de passeio
Nas noites do novenário.

Meu velho “Tamarineiro”
A testemunha e memória
De bate-papos infindos.
Hoje atrapalhas o trânsito
Na geografia urbana.
Viverás o tempo inteiro...
És parte da nossa história.
O Tombamento garantiu a esse querido amigo, um prêmio maior: espaço para as suas raízes; um retângulo de terra, com grama molhada, que suavizou os machucados dos seus “pés calejados”. E veio a água da chuva, resfriando e curando aquela secura. E nosso amigo então..., derreteu-se de alegria.
O ancião alquebrado de antes, hoje parece um jovem em plena lua de mel com a natureza. Dá gosto de ver o crescimento de sua copa, e a quantidade de frutos que ostenta, fazendo com que suas cores oscilem entre o verde e o marrom.
Todos os outros “tombos” ou rasteiras de que foi vítima, ficaram no passado. Vale ressaltar que, essa transformação só foi possível porque nosso herói não tem a capacidade de guardar mágoas e ressentimentos – como o ser humano – que se envenena com tal tipo de energia e justifica-se na intolerância e na ausência de perdão.
É maravilhoso observar o poder de recuperação da natureza. Uma árvore centenária, nas condições em que se encontrava o Tamarineiro, refazer-se assim, em seis meses, é uma resposta extraordinária. Nem precisamos fazer muita coisa, basta que respeitemos seu curso e a mãe-natureza se encarrega do resto.
Minha alegria é ainda maior porque me sinto um pouco responsável por essa nova fase do Tamarineiro. Toquei as pessoas certas, quando escrevi sobre ele no meu Livro “Era Uma Vez na Cruz...” (p.51/54). O processo de Tombamento ganhou a orientação do Padre Valdery, um “colaborador de peso” que nossa cidade ganhou em 12/09/1965, quando ele assumiu a Paróquia de São Francisco da Cruz. E com ele tive a felicidade de participar da solenidade de Tombamento, juntamente com o Prefeito (Jonas, João Muniz Sobrinho), o Secretário de Educação e Cultura (Raimundo Otávio da Mota) e o Presidente da Câmara Municipal (Erlandson Muniz A. Martins), aqui nominados como representantes de todos os membros do Executivo e do Legislativo que contribuíram para este feito de desenvolvimento e cidadania do Município de Cruz.

Beth Albuquerque, 05/06/2010

3 comentários:

  1. Olá Escritora!
    Que lindo espaço temos agora para navegarmos e enquanto isso aprendemos muito com seus belos históricos.
    Eu adorei e repassarei para que essa corrente de família não se perca pelo tempo.
    Abraços de luz da mana.
    Goretti

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  2. Obrigada, mana, pelo incentivo!
    Sob o título: Poemas sobre o Tamarineiro, coloquei as poesias dos irmãos e do papai, deste uma "curiada"?
    Beijos

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  3. Eu não vi ainda as poesias todas do Tamarineiro. Estão aqui em seu Blog?
    Dia histórico e emocionante para nós que como filhos por tantos anos ausentes, podermos estar nas honrarias do nosso velho amigo de Infância, Tamarineiro.
    Seus artigos estão super.
    Bjs de luz da mana.Goretti

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